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Quilombo São José da Serra celebra o orgulho da cultura negra
Data de Publicação: 1 de junho de 2017 11:06:00
Por José Luiz Júnior* e Paolla Gilson*
Escondido nas matas da Serra da Taquara, mais conhecida como Serra da Beleza, no distrito de Santa Isabel do Rio Preto em Valença (RJ) está uma das poucas comunidades remanescentes de escravizados do estado do Rio de Janeiro, e a única do Vale Café, o QUILOMBO SÃO JOSÉ DA SERRA. Pra chegar lá é preciso passar pela RJ 157 e na altura do KM 57 entrar numa estrada de chão de aproximadamente 8 quilômetros. Quanto mais se embrenha pela estradinha mais se duvida de que ali possa haver uma grande festa. Mas à medida que o lugar vai se aproximando começam a despontar carros estacionados ao longo da estrada. Carros e mais carros. E ônibus, e vãs, e motocicletas. De repente um enorme descampado com dezenas de barracas formam um grande camping para os mais aventureiros. Logo, aparece uma diversidade de gente. E mais gente. Um verdadeiro caldeirão cultural com pessoas de diversos lugares do Brasil e do mundo. E muita cultura popular. Folia de Reis, Calango, Maracatu, Capoeira, Maculelê, Samba de Roda e Roda de Samba. E o dono da festa: o Jongo!
A tradicional festa do Quilombo São José da Serra tem lugar permanente no calendário cultural e turístico do estado do Rio de Janeiro. A festa existe há mais de 100 anos, passou a ser aberta ao público em 1992 e hoje é um dos grandes eventos do Vale do Café. Sucesso de público, é um fenômeno turístico digno de observação acurada. Mas é bem mais conhecida lá fora do que por aqui. Muita gente no Vale do Café sequer ouviu falar da festa. A maioria aliás, desconhece a existência de um quilombo na região. Mas ele existe e está lá para quem quiser ir ver. Milhares de pessoas passam por ali anualmente. Um homem chamado Toninho Canecão é o responsável pelo Quilombo e pela festa. Toninho, 70 anos, é um experimentado líder comunitário, porta voz de sua comunidade. Se tornou liderança ali muito jovem, recebendo a missão de seu avô José Geraldo, o Zequinha, que ficou cego. Os mais velhos ali são um tio de Toninho, o senhor Manuel Seabra, 98 anos e Dona Tetê, 74 anos.
“A nossa festa vem de um esforço muito grande e hoje ela tem um reconhecimento mundial. Ela colaborou muito para que o Quilombo fosse respeitado. Era uma comunidade isolada e muitas vezes discriminada. Mas hoje nós marcamos a nossa posição”, nos conta um entusiasmado e orgulhoso Toninho Canecão.
Em novembro de 2015 o Quilombo São José da Serra recebeu do INCRA a Concessão de Direito Real de Uso (CDRU) de seu território tradicional, de 476 hectares, onde vivem os 200 descendentes dos casais Tertuliano e Miquelina e Pedro Cabinda e Militana, africanos sequestrados e trazidos ao Brasil para a Fazenda São José da Serra.
O evento em homenagem aos pretos velhos e ao 13 de maio – data que marca a assinatura da Lei Áurea e a abolição da escravidão no Brasil em 1888 – esse ano aconteceu exatamente no dia 13 de maio, algo que não é muito comum. Ela acontece sempre no final de semana mais próximo. E foi um dia memorável! Há uma programação oficial previamente divulgada com várias atrações. Mas durante a festa há muito mais coisa do que o divulgado oficialmente. Uma roda aqui, a outra ali e quando se vê tem manifestação cultural pra todo lado. Fica difícil saber pra que canto a gente vem. O ponto culminante é uma grande roda de Jongo em volta da fogueira.
Várias autoridades passam pelo quilombo todo ano. Nessa edição, entre várias autoridades, marcou presença o Defensor Público Federal José Roberto Fani Tambasco que cumprimentou pessoalmente Dona Tetê.
Doutorando em Turismo, Dan Gabriel D´Onofre, veio pela terceira vez ao evento e não cansa de participar. Pra ele, que pesquisa sobre o turismo e a hospitalidade enquanto tecnologia no Vale do Café, o fenômeno que ocorre ali é um prato cheio. “As primeiras vezes que eu vim foi como um visitante mesmo, com um olhar de visitante, e hoje eu venho como um pesquisador para tentar captar dados para dar conta desse fenômeno que acontece aqui nesse território”, afirmou Dan Gabriel. A francesa Anne Marie, já há algum tempo no Brasil também se deslumbra com tamanha diversidade. “Essa festa pra mim representa muito do que é o Brasil. Muita mistura, muitos ritmos, gente de diferentes origens se juntando aqui pra comemorar essa cultura negra tão rica. Está sendo uma experiência incrível.”.
Por fim, é importante mencionar a importância do Quilombo e do simbolismo da festa nesse momento em que o Vale do Café discute suas raízes negras, sua dívida histórica com a escravidão e a inserção desse passado histórico na dinâmica do turismo cultural.

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