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Está aberta a temporada da moda!

Está aberta a temporada da moda!

Data de Publicação: 1 de abril de 2016 11:13:00 Moda e Comportamento

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   Por Juliana de Brito*

      Em toda nova estação surge uma nova tendência ou alguma outra é resgatada no tempo. Os estilistas atuais, através dos “coolhunters”, buscam cada vez mais inspirações nas
modas de rua, mas nunca deixam de olhar para o legado fashion que nos foi deixado pelos grandes pioneiros e pioneiras do mundo da moda. Dessa forma, dão nova
interpretação a antigos formatos surgindo, assim, novos estilos.
     O estilo, por sua vez, muitas vezes é relacionado a um período ou a um comportamento vivido em uma determinada época, como os hippies de 1970 ou as revolucionárias minissaias de 1960.
     Para o “debut” da nossa coluna vamos voltar em um tempo mais remoto, em que as saias eram um pouco mais longas e estilo, em sua grande maioria, era obra prima de pequenas costureiras.
     Como uma das pioneiras do mundo fashion podemos citar Maria Antonieta. Nascida na Áustria e enviada para a França, em 1770, para casar com o príncipe, futuro rei Luis XVI, Maria Antonieta viveu durante o século XVIII e teve seu apogeu fashion assim que chegou à corte francesa. Dona dos vestidos de baile mais exuberantes e do “hairstyle” mais imponente, com perucas que atingiam até 1 metro de altura e podiam pesar até 8kg, Maria Antonieta usava a moda para se impor e ganhar credibilidade perante o Governo Real, por isso, teve grande destaque entre as mulheres e rainhas da época (“Use a moda a seu favor!”).

     Mas foi com a simplicidade que Maria Antonieta causou escândalo em Paris, quando escolheu um vestido chemise de musselina branca e um chapéu de palha, ao posar para a pintora Élisabeth Vigée Le Brun, em 1783. Em contraste a toda imponência dos vestidos volumosos, bordados, enriquecidos com babados e modelados por corselet, como eram usados pela alta sociedade da época, o vestido chemise de cintura alta, mais conhecido como modelo império, escolhido por Maria Antonieta, estava em sintonia com a nova fase da República e o período de colapso que a corte francesa enfrentaria. Entendido por muitos como ato de rebeldia, sua escolha contrastante com a extravagância da aristocracia da época, resgatou a influência neoclássica das roupas femininas usadas na Grécia Antiga e em Roma, e influenciou uma nova geração da moda francesa, onde romper com o passado e vestir-se com menos extravagância passou a ser considerado um ato patriótico, após a Revolução Francesa. Digamos que Maria Antonieta deu início à máxima “Menos é mais”!
     Na região Sul Fluminense, mas não menos atualizada na moda francesa, uma grande referência feminina do século XIX, andou por nossas ruas com seus vestidos e saias volumosas. Nascida em 1850 na cidade de Vassouras, herdeira de muitas riquezas e grande consumidora da Alta-Costura, Eufrásia Teixeira Leite foi uma mulher influente nos negócios financeiros e na moda brasileira da época. Senhora de grandes amores e belos vestidos, Eufrásia escolheu a França pra morar em 1873, um ano após o falecimento de seus pais e, foi assim, dentro do berço da moda, que Eufrásia conheceu o grande estilista da época Charles Frederick Worth.

    Considerado o “Pai da Alta-Costura” e o pioneiro dos desfiles de moda, Worth começou sua vida no mundo da moda como costureiro e só passou ao título de estilista em 1855. Conhecido por seus vestidos ostensivamente caros e luxuosos, foi o primeiro estilista a usar seu nome como marca registrada em suas peças, fundou a Maison Worth -primeiro estabelecimento de Alta- Costura- e, assim, transformou a moda em coleções sazonais, desfilando suas produções para suas clientes, ao invés de trabalhar para atender seus pedidos, como de costume na época com as pequenas costureiras. Dono de nove das peças que compõem o acervo de indumentárias de Eufrásia Teixeira Leite, Worth transformou a indústria caseira de ornamentação feminina da época, no império da moda que vivemos hoje. (E viva as semanas de moda em Paris!)
     Além de peças de Worth e outros estilistas, como Jacques Doucet e pequenas costureiras, o acervo de indumentárias de Eufrásia, hoje é formado por 48 peças, entre acessórios e roupas, que se encontram no Museu Chácara da Hera, residência da Eufrásia na cidade de Vassouras. Para manter a conservação das peças, (e para a minha tristeza, confesso que na minha visita ao Museu, para pesquisa da matéria, meu desejo maior era conhecer todo o guarda roupas de Eufrásia, e terminar a pesquisa com a pergunta: posso experimentar?), somente um dos vestidos de Eufrásia está em exposição no Museu e assim deve permanecer até o aniversário da Eufrásia no mês de abril. Não perca a oportunidade de visitar uma parte da história da nossa região e reviver a vida de uma mulher do séc. XIX que saiu do interior e conquistou um mundo de possibilidades, ultrapassando qualquer limite atribuído às mulheres da época!

   “Quando encontro senhoras conscientes de que vestir é uma arte, sinto grande satisfação
em tê-las como clientes.” (Charles Frederick Worth – Harper´s Bazaar, Dezembro de
1877)

Glossário Fashion:
Coolhunters- caçadores de tendências; grupo de pessoas que se dedicam a perceber o
comportamento das pessoas e antecipar tendências; responsáveis por ditar as novas
regras da moda;
Debut- estréia!
Hairstyle- penteado!

 

Imagem da Galeria Maria Antonieta
Imagem da Galeria Maria Antonieta
Imagem da Galeria Vestido de Eufrásia -Acervo do Museu Casa da Hera - Vassouras/RJ
Imagem da Galeria Sapato de Eufrásia -Acervo do Museu Casa da Hera - Vassouras/RJ
Imagem da Galeria Etiqueta Maison Worth
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