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Caçadores de “tesouros” no Vale do Café

Caçadores de “tesouros” no Vale do Café

Data de Publicação: 14 de junho de 2023 11:03:00 Grifo Consultoria e Projetos em Arqueologia e o Instituto D´Orbigny

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    O Vale do Café é cheio de riquezas naturais e culturais. Além do Rio Paraíba do Sul, de um grande pedaço da Mata Atlântica, há na região um imenso tesouro do patrimônio cultural brasileiro. Seja patrimônio cultural material ou imaterial. Um grande conjunto formado por fazendas históricas, palacetes e casarões do século XIX ou pelas manifestações culturais características do Vale como o Jongo, as Folias de reis, o Calango, a Caninha Verde e outras manifestações. 
  Mas tem muita coisa ainda para ser conhecida e desbravada, inclusive pelos moradores da região. E isso encanta mais ainda, atrai mais ainda. O que mais tem no Vale do Café que a gente não conhece ainda? O que mais a gente precisa conhecer?
    Nessa edição trouxemos uma reportagem sobre duas instituições sediadas no município de Mendes, que são praticamente irmãs, mas cada uma delas na sua finalidade e atuação. Unidas pelo mesmo mentor, o arqueólogo Giovani Sacaramella, a Grifo Arqueologia e o Instituto D´Orbigny atuam hoje em algumas frentes que se misturam, se confundem um pouco, mas cada uma com o seu papel.
   A Grifo Consultoria e Projetos em Arqueologia e o Instituto D´Orbigny não são a mesma coisa. Mas têm em comum o dedo (as mãos, a cabeça e o corpo inteiro) de Giovani Scaramella, um desbravador pioneiro da arqueologia no Vale do Café. A Grifo é uma empresa de consultoria e projetos Fundada por Giovani em 2011, especializada em arqueologia  – urbana, histórica e pré-histórica – que opera não só no Vale do Café, mas em qualquer ponto do território brasileiro. Tem projetos no Vale do Café como o antigo casarão da Santa Casa de Misericórdia de Vassouras (que está sendo reformado para a instalação do Museu Vassouras), a Fazenda Santa Eufrásia (Vassouras), a Casa do Barão de Vassouras, as obras de aterramento da fiação aérea no centro histórico de Vassouras mas tem também em seu currículo projetos na capital como os Jardins da Casa de Rui Barbosa (Botafogo/Rio de Janeiro), Lazareto (Prai da Gamboa/Rio de Janeiro), Região Portuária de São Cristóvão (Rio de Janeiro), Rua da Alfândega, Avenida Treze de Maio, entre outros. 
    Já o Instituto D´Orbigny, fundado em 2014 foi criado para atender uma necessidade não só da Grifo (mas também da empresa) como de outras empresas e instituições de arqueologia do Brasil. É um instituto de guarda e conservação de bens arqueológicos e tem no seu acervo verdadeiros tesouros da arqueologia nacional, alguns dos quais de inestimável valor histórico, entre os quais a ossada de quase 4.000 anos encontrada em Búzios, denominada Brigitte, resultado de uma escavação arqueológica coordenada pela Dra. Simone Mesquita, cujo enterramento está associado a um sítio arqueológico pré histórico de caçadores-coletores-pescadores. 
    O Instituto guarda também o acervo do Indigenista João Américo Peret, falecido em 2011, que se consagrou como um dos mais renomados indigenistas do país, atuando também nas áreas de arqueologia e como escritor, jornalista, roteirista cinematográfico, fotógrafo, e outras atividades. Como indigenista, atuou no Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e na Fundação Nacional do Índio (FUNAI), no período de 1950 a 1970. Além disso, participou da criação do Museu do Índio e da criação da “Comissão Pró-Índio”, no Rio de Janeiro. Integrou também o “Movimento em Defesa da Economia Nacional” e do “Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos”, organização voltada às questões indígenas e problemas de fronteiras. A Coleção Peret compreende artefatos indígenas, documentos a eles associados e revistas. Esta coleção, doada em 2022, é composta por materiais etnográficos de várias culturas indígenas da região amazônica brasileira, adquiridos desde 1950, através de contatos com povos isolados e durante pesquisas de campo realizadas nos diferentes estados: Pará, Amapá, Acre, Rondônia, Roraima, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Amazonas. Dentre os artefatos, encontram-se uma diversidade de adornos plumários, utensílios de cozinha, cerâmica zoomorfa e antropomorfa de utilidade variada, instrumentos musicais, arcos, lanças, bordunas, cestarias, armas raras de rituais, tintas, objetos totêmicos e sagrados, dentre outros. Segundo Giovani Scaramella, o acervo da Coleção Peret ainda está sendo inventariado, mas dentre várias peças de grande importância científica que a compõe destaca-se um trocano (trocana ou torokaná), entendido tanto como instrumento de musical quanto de comunicação, associado a um percutor com extremidade de goma, que ao ser tocado poderia alcançar grandes distâncias. A peça maior era feita a partir de um tronco de madeira, escavado internamento, de forma a compor uma caixa de ressonância, sendo mantidas quatro pequenas aberturas circulares interligadas e suas extremidades fechadas. Os trocanos são peças raras presentes em poucos acervos. É um material simplesmente incrível!
  A atual presidente do Instituto D´Orbigny é a historiadora Roselene Martins, que é também presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Vassouras (IHGV) e colabora também com a Grifo. Giovani cuida de tudo com muito carinho e com a ajuda de voluntários e instituições parceiras. “A GRIFO é uma empresa especial, criada com muito esforço, desenvolvendo com qualidade trabalhos especializados em arqueologia e áreas afins. A GRIFO é responsável pela maior parte dos investimentos que foram feitos no Instituto d’Orbigny, instituição criada em 2014 com o objetivo de atuar em estudos, pesquisas e atividades extroversão nas áreas de arqueologia, antropologia, história, meio ambiente e cultura, formando, através de atividades de pesquisa e de doações, um acervo singular e significativo, contando com a atuação de profissionais de alto gabarito que, até o momento, atuam de forma voluntária para a manutenção dessa Instituição.”, afirma o arqueólogo.

 

Alcide Charles Victor Marie Dessalines d'Orbigny

   D´Orbigny foi um dos viajantes que adentrou o “Brasil pitoresco”. Alcide Charles Victor Marie Dessalines d'Orbigny foi um naturalista nascido na França em 6 de setembro de 1802 fez contribuições importantes em muitas áreas, incluindo zoologia (incluindo malacologia), paleontologia, geologia, arqueologia e antropologia. Visitou diversos países da América Latina, entre eles o Brasil, entre outros importantes trabalhos descreveu Puris e Coroados (etnias indígenas presentes no Vale do Café). Foi discípulo do geólogo Pierre Louis Antoine Cordier e Georges Cuvier .
 

Imagem da Galeria Grifo
Imagem da Galeria Frascos - Grifo
Imagem da Galeria Grifo
Imagem da Galeria Grifo
Imagem da Galeria Grifo
Imagem da Galeria Ossada Brigitte
Imagem da Galeria Grifo
Imagem da Galeria Acervo Perret
Imagem da Galeria Grifo
Imagem da Galeria Giovani Scaramella
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